domingo, 26 de julho de 2015

SALVAÇÃO - FÉ E OBRAS

SALVAÇÃO – FÉ E OBRAS

Pergunta

 "A salvação Eterna" pode citá-la como pérolas cristãs. Concordo com as colocações sobre o antropocentrismo, evidenciada no renascentismo da idade média e que perdura e se intensifica exponencialmente. 
É inquestionável sobre as citações dadas onde a salvação é por meio de Jesus através da sua graça e pela nossa fé. Mas, creio que devemos ponderar sobre a ação do próprio ser no processo. Se nos tornamos corpo de Jesus devemos agir como tal, caso contrário não estamos nele. Assim, parece lógico relacionar uma causa-efeito entre fé-ação-salvação intercambiáveis. 
Penso que a conduta é fundamental para a salvação diante o pressuposto. Acho que devemos a profundidade da passagem: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Mateus 23:37
Aqui parece que Deus Pai e Deus Filho, mesmo tendo os judeus tendo a fé, não agiram com o coração, não foram retos aos olhos divinos e os negaram. 

Resposta

Ponderando acerca de tuas considerações, pareceu-me melhor iniciar estas poucas linhas com uma advertência do apóstolo Paulo: “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo APRENDAIS ISTO: não ultrapasseis o que está escrito [...]” – 1Co 4:6. Esse é um mandamento de Deus, que visa guardar-nos de nossas lógicas e achismos humanos. Isso digo porque por algumas vezes chegaste a conclusões, não a partir das Escrituras, mas de conjecturas, tais como: “creio que”, “parece lógico”, “penso que”. Em vez disso deveríamos falar: “assim diz o Senhor”, “está escrito”, “também está escrito”. Permita-me, pois, levantar algumas observações a respeito da salvação de Deus.
1.     Toda a Escritura, de Gênesis a Apocalipse, declara, alto e bom som, que a salvação de Deus não pode ser adquirida por obras humanas. Eis o que a esse respeito nos diz a Palavra de Deus. As vestes que o homem fez para si (símbolo de autojustificação), por ocasião de sua queda, foram rejeitadas por Deus; em contrapartida, diz a Escritura que “fez o Senhor vestes de peles para os cobrir” (Gn 3:7, 21). Estas duas vestes, a indústria do homem e a de Deus, tipificam dois tipos de justiças, conforme está escrito: “e ser achado nele, NÃO TENDO JUSTIÇA PRÓPRIA, QUE PROCEDE DE LEI, senão a que é mediante a fé em Cristo, A JUSTIÇA QUE PROCEDE DE DEUS, baseada na fé (Fp 3:9). A arca de Noé, por sua vez, outro tipo da salvação (Cf. 1Pe 3:21), demonstra que o homem nada podia fazer para se livrar do juízo, senão apropriar-se do único meio de salvação oferecido por Deus, a arca, a qual representa Jesus Cristo, em Sua morte e ressurreição. E é mister ressaltar que foi pela fé que o patriarca e sua família foram salvos, pela arca, através das águas (Hb 11:7). O mesmo aconteceu no deserto, com o povo de Israel. Ao serem picados por serpentes abrasadoras, nada podiam fazer para se livrarem da morte, exceto olharem para a serpente de bronze suspensa numa haste (Nm 21:9). Foi o próprio Senhor quem identificou tal episódio veterotestamentário com a queda do homem e com a salvação oferecida por Deus: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que TODO O QUE NELE CRÊ TENHA A VIDA ETERNA. Veja que, a despeito de quantas obras os filhos de Israel fizessem, nada poderia dar-lhes vida. Somente o olhar para a serpente de bronze dar-lhes-ia vida. Razão por que Jesus declarou, dizendo: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Não é sem motivo que, em outro lugar, também diz: “...Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3:20). Eis, portanto, a razão porque “... o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gl 2:16). A vida eterna, portanto, é GRATUITA (Rm 6:23); é um dom de Deus (Ef 2:8); é pela fé, independentemente de obras da lei (Rm 3:28); é pela graça, sem as obras, do contrário a graça já não é graça (Rm 11:5-6); é eterna e não pode ser perdida (Jo 10:28), porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11:29); é pela misericórdia divina (Rm 9:15), por causa do grande amor com que fomos amados por Deus (Ef 2:4); estávamos nós mortos quando d’Ele recebemos vida (Ef 2:5) – pela graça sois salvos. Esta graça salvífica significa literalmente de graça, sem nada nos cobrar, como está escrito: “Ora, ao que trabalha, o salário NÃO É CONSIDERADO COMO FAVOR, e sim COMO DÍVIDA. Mas, ao que NÃO TRABALHA, porém CRÊ naquele que JUSTIFICA O ÍMPIO, a sua FÉ lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:4-5). Por isso a resposta de Paulo ao carcereiro, quando este lhe perguntou acerca do QUE FAZER PARA SER SALVO: “crê no Senhor Jesus, e serás salvo...” (At 16:31). Mas, para os que preferem pagar por si mesmos o preço que Jesus já pagou na cruz do Calvário, resta-lhes a morte eterna, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Não qualquer outra coisa. Não se paga a dívida eterna com usos e costumes (moral), até porque estas coisas não resolvem o problema da natureza pecaminosa no homem (Cl 2:23); não se paga a dívida eterna do pecado com conduta, haja vista que a conduta requerida por Deus é FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5:22); são obras que DEUS PREPAROU DE ANTEMÃO, para que andássemos nelas (Ef 2:10); são obras feitas em Deus (Jo 3:21). Não são portanto humanas, nem têm no homem a sua origem. São divinas: ouro, prata e pedras preciosas (1Co 3:12). As obras humanas são um como trapos de imundícies (Is 64:6); são madeira, feno, palha (1Co 3:12); pois o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espirito (Jo 3:6). Ufa... Ficaria aqui horas a fio citando todo o testemunho das Escrituras acerca da salvação, que pertence ao Senhor (Jn 2:9). Mas... avancemos.
2.     Quando tu disseste acerca da “ação no próprio ser NO PROCESSO” falaste uma verdade. Entretanto, não significa que tal participação garanta a salvação. A Escritura adverte aos crentes quanto ao desenvolvimento da salvação (Fp 2:12); a tomar posse da vida eterna (1Tm 6:12); a ser fiel até a morte (Ap 2:10); a negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir ao Senhor (Mt 16:24); todavia, todas essas responsabilidades, se cumpridas ou não, não podem dar ou tirar a salvação, uma vez que “quem crê em mim – disse Jesus – não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24). Da morte viemos; na vida nos encontramos. Quais conseqüências então nos traz a diligência ou a negligência? Ora, basta lermos o que está escrito a esse respeito: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse RECEBERÁ GALARDÃO; se a obra de alguém se queimar, SOFRERÁ ELE DANO; mas ESSE MESMO SERÁ SALVO, todavia, como que através do fogo” (1Co 3:14-15). Veja: se aprovadas suas obras, galardão; se reprovadas, dano. Esse mesmo, porém, será salvo. Ou seja, ambos são salvos, não por fazerem boas obras, porque, para o que as fez, não diz que será salvo por isso, mas, que receberá galardão, recompensa, prêmio; e àquele, de cuja obra foi reprovada, não se diz que será condenado por isso, mas que, sendo salvo, receberá dano, como conseqüência de sua reprovação. Ambos são salvos porque estavam no fundamento (1Co 3:11). Para o que procedeu com obras aceitas por Deus, além de salvo, galardão; para o que não procedeu corretamente, embora salvo, sofrerá a disciplina do Eterno. E isso é para que não seja ele condenado com o mundo (1Co 11:32); será disciplinado para aproveitamento, a fim de se tornar, enfim, participante da santidade do Senhor (Hb 12:10); receberá poucos ou muitos açoites, tudo vai depender do quanto ele recebeu de Deus (Lc 12:47-48); será trancado na prisão, e só sairá de lá depois que “pagar o último centavo” (Mt 5:26). Uma coisa é certa: “aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus (Fp 1:6). Ele começou; Ele terminará. Ainda que tenha que disciplinar os seus filhos, como diz a Escritura: “se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram” (Sl 89:31-34). Tais palavras, ainda que se referindo imediatamente a Davi, trazem os princípios da fidelidade de Deus quando pactua com o seu povo: 1) não retira a Sua bondade; 2) não desmente a Sua fidelidade; 3) não viola a Sua aliança; 4) não modifica o que Seus lábios proferem. “Eu o Senhor não mudo” (Ml 3:6). “Quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei E te multiplicarei [...]. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade de seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, FORTE ALENTO TENHAMOS NÓS que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, ENTROU POR NÓS, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6:13-20).
3.     O fato de estarmos em Cristo, como também disseste, não implica que não podemos pecar. Nem tampouco se pode afirmar que, se pecarmos, não estamos n’Ele. Desde que recebemos o Espírito de filiação, a carne passou a militar contra o Espírito, e o Espírito contra a carne (Gl 5:17). Se andarmos no Espírito, o fruto será amor, paz, alegria, longanimidade etc (Gl 5:22-23). Se, entretanto, andarmos segundo a carne, o resultado será aquele que se encontra em Gl 5:19-20, as obras da carne. O fato de estarmos em Cristo significa simplesmente que nascemos de Deus, como está escrito: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, SE, DE FATO, O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8:9). Esses, entretanto, que têm o Espírito de Cristo, e, conseqüentemente, estão n’Ele, podem ainda pecar, andar na carne, cometendo as obras da carne (prostituição, lascívia, glutonaria, bebedice, inveja etc.), sabendo, contudo, que compareceremos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co 5:10). Esse bem e mal aqui referidos certamente não se referem a vida ou morte eternas; senão ao galardão ou disciplina conforme acima explicado.
4.     De todo modo, temos a certeza de que, nós os que cremos, estaremos plenamente salvos quando entrarmos na eternidade. Tal segurança apoia-se nas palavras de Deus: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5:24). Afinal, o mesmo Deus que nos reconciliou consigo mesmo, o Deus da paz, há de nos santificar completamente, espírito, alma e corpo (1Ts 5:23). Se Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes por nós O entregou, quando ainda éramos pecadores (Rm 5:8), porventura não nos dará graciosamente todas as coisas? (Rm 8:32). Certamente. Não porém sem nos salvar completamente. Pois, se quando éramos pecadores o Senhor nos justificou com o Seu sangue, muito mais agora, estando já reconciliados com Ele, seremos salvos pela Sua vida (Rm 5:10). A vida de Deus nos Seus filhos há de salvá-los completamente do pecado. Ele começou... Ele terminará. Para isso Ele nos concedeu o penhor do Espírito, a garantia de que em breve seremos resgatados, finalmente, como Sua propriedade, para o louvor da Sua glória (Ef 1:14).



Bispo Alexandre Rodrigues

quinta-feira, 9 de julho de 2015

Qual o significado de JOÃO 16:8?

Qual o significado de JOÃO 16:8?
 “Quando ele vier [Espírito Santo] convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo”?

O referido texto nos traz uma assertiva, de que não se pode duvidar: primeiro pelo fato de que aquele que falou não mente; segundo, pelo fato de não deixar dúvida o texto daquilo que aconteceria tão logo o Espírito Santo fosse enviado; a saber, o mundo seria convencido do pecado, da justiça e do juízo.
Erroneamente, a grande maioria dos cristãos pensa referir o texto à obra do Espírito Santo de convencer o pecador, concernente à sua condição, a fim de conduzi-lo a Cristo. Entretanto, note que não é isso o que diz o texto. Antes, afirma, categoricamente, que o Espírito Santo convenceria o mundo. Nesse sentido, pode-se afirmar que o que se diz, não se refere a uma possibilidade, mas ao que o Espírito faria; não ao pecador, mas ao mundo.
Então, o que de fato afirmou o Senhor? Veja como o próprio Jesus nos esclarece nos versículos posteriores: "do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para junto do Pai; do juízo, porque o príncipe deste mundo já está julgado" (Jo 16:9-11).
Ou seja, o mundo seria convencido destas três coisas, tão logo o Espírito Santo fosse enviado.
Assim, a vinda do Espírito Santo seria uma prova a respeito da identidade de Jesus e dos resultados de Sua obra. Como os judeus não criam n'Ele, o Senhor então deu-lhes um sinal. Como que lhes dissesse: Eu voltarei para o meu Pai. E, para que vocês tenham a constatação de que de fato entrei na glória, que tive com o Pai desde o princípio, eu enviarei, do céu, uma prova: enviarei o Espírito Santo. Quando, portanto, vocês virem descer o Espírito sobre os discípulos, e por seu intermédio realizar as minhas obras, sabereis quem eu sou; isto é, sabereis que sou o Messias prometido. Assim, ficarão convencidos do pecado, de não terem acreditado em mim. Quando virem o Espírito Santo descer sobre minha igreja, e capacitá-la a cumprir a minha vontade, saberão que fui para o Pai, que entrei em Sua presença e fui por Ele recebido e aceito. Assim, serão convencidos a respeito da justiça; ou seja, terão a prova de que, como homem, não somente pratiquei plenamente a justiça, mas, conforme as profecias, sou a própria justiça. Razão porque voltei e permaneço na presença do Pai. Do contrário, jamais teria entrado na glória; mas, como qualquer homem pecador, desceria ao hades e lá permaneceria. E que virem vocês o Espírito Santo derramado sobre os apóstolos, terão o testemunho que a minha morte não foi uma morte qualquer, mas a morte do Justo, que julgou este mundo e o seu príncipe.
A vinda do Espírito Santo dependia da ressurreição de Cristo. Pois, se Cristo não ressuscitasse, Ele também não voltaria para o Pai. Se não voltasse ao Pai, não poderia enviar o Espírito Santo. E, se o Espírito Santo não viesse, isso seria prova de que Jesus NÃO ERA O MESSIAS. O contrário também é verdadeiro. Se o Senhor ressuscitasse, voltaria ao Pai, entraria em Sua glória, e, de lá, enviaria o Espírito, como testemunho de Sua ressurreição. E foi isso o que aconteceu.
No dia de pentecostes, declarou Pedro declarou, dizendo: "Exaltado, pois, à destra de Deus, tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isso que vedes e ouvis [...]. Esteja absolutamente certa, pois, toda a casa de Israel de que a este Jesus, que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" - At 2:33 e 36.
O mundo, representado por aqueles que estavam em Jerusalém no dia de pentecostes - homens vindos de todas as nações que havia debaixo do céu (At 2:5) - naquele dia obteve a prova, o testemunho, de que Jesus é de fato o Cristo. A Sua ressurreição é prova disso; e o derramamento do Espírito é prova incontestável de Sua ressurreição. Naquele dia o mundo foi convencido, isto é, obteve a prova, da verdade a respeito do Filho de Deus e das consequências de Sua morte.

domingo, 28 de junho de 2015

Será mesmo que Deus existe? Perguntou o pai de Cristiano Araújo por ocasião do sepultamento do cantor sertanejo. Diante desta indagação amargurada, pus-me a refletir acerca do silêncio de Deus, supostamente indiferente ao sofrimento humano. E foi nessas reflexões que pude ouvir os estrondos dos corações egoístas bradando e pondo em dúvida a existência d’Aquele que é amor: — porque Deus permitiu isso?; — Deus não se preocupa comigo; — será mesmo que Deus existe? Foi aí que me veio o seguinte questionamento: por que indagar acerca de Deus somente agora que se vê o filho num caixão? Por que não o fazer no tempo da fama, do dinheiro, do sucesso, das glórias? Ora, certamente muitos morreram antes dele. Não poucos sofreram desgraça maior. Milhares estão morrendo à mingua na fome e na miséria. Dos hospitais se ouve gemidos dos que já não têm esperança. Nas ruas se vê crianças com frio, nuas, dependendo da benevolência daqueles que comumente as olha com discriminação. Homens já crescidos, como ratos, vasculham lixos em busca de comida. Mulheres idosas, catadoras de papelão, empurram carrinhos cheio daquilo que não nos servem para nada, a fim de ganhar algum dinheiro no final do dia. E diante de tudo isso nunca questionamos a existência de Deus, até que a dor bate à nossa porta. Puro egoísmo. Se estou bem, Deus existe, mesmo que o mundo inteiro se desfaça em dor e miséria. Se, porém, a desgraça me alcança, Deus então deixa de existir. Se tenho saúde, bens, dinheiro, fama, sucesso, digo que Deus é bom, ainda que os que estão a minha volta estejam em profunda miséria. Se, todavia, me faltam essas coisas, ponho em dúvida a existência e o amor de Deus. E em razão desse egoísmo, deixo de perceber que o silêncio de Deus e Sua suposta inexistência não está n’Ele, mas em mim. Porque quando deixo de chorar com os que perdem seus entes queridos, quando deixo de compadecer-me diante da desgraça alheia, quando deixo de dividir o pão com o faminto, quando deixo de visitar os doentes nos hospitais e lhes levar esperança, quando deixo de vestir o nu, de socorrer os desesperados, de estender a mão aos cansados, nego a existência de Deus, EM MIM, por viver como se não houvesse Deus. Afinal, o ETERNO é o Deus imanente, que, estando em todos, age por meio daqueles que são sensíveis à Sua presença e lhe reconhecem a paternidade. Pois somente os que podem ver a Deus como pai, podem reconhecer os homens como irmãos e exercer a fraternidade. Por outro lado, tendo ciência de que tudo provêm de Deus, e de que n’Ele vivemos, existimos e nos movemos, não podemos pensar que somos maiores do que Ele. Se Ele é Deus, cabe às Suas criaturas adorá-lO, agradecidas pela vida concedida e pelo tempo de sua existência. A morte não nos causaria tamanha dor se reconhecêssemos que somos como erva, e que só o Senhor é eterno. Assim, falaríamos como Jó: “Nu saí do ventre de minha mãe e nu voltarei: o SENHOR o deu e o SENHOR o tomou; bendito seja o nome do SENHOR (Jó 1:21). 

ALEXANDRE RODRIGUES Ministério Apostólico de Volta à Palavra

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Muito se tem argumentado sobre o ministério Feminino no meio das igrejas evangélicas,mas a maioria tem levantado a bandeira da argumentação,mas não mostram os fundamentos nas Escrituras Sagrada. Se você tem estes fundamentos nos apresente, quem sabe, você vai ensinar não só a mim, mas dezenas de pessoas que querem se livrar da ignorância espiritual. Enquanto você não me ensina eu vou postar o que diz as Escrituras Sagrada:

MINISTÉRIO FEMININO, Episcopado ou satisfação humana?

A Palavra de Deus nos ordena a cingirmo-nos com o cinturão da verdade (Ef 6:14). O servo fiel a Deus, pois, é aquele que não anda segundo as suas opiniões, nem tampouco segundo os modelos extra e/ou antibíblicos. Antes, faz das Escrituras Sagradas a sua única fonte de fé e de prática cristãs. Nesse sentido, a Bíblia é o paradigma, mediante o qual se conhece a vontade de Deus e se estabelece os princípios vitais a respeito de Sua obra. Nela encontramos a regra áurea: NADA SE PODE ADICIONAR OU SUBTRAIR DA VERDADE DIVINA REVELADA NA BÍBLIA SAGRADA (Dt 4:2; 12:32; Pv 30:6; 1Co 4:6; Ap 22:18-19). Isso significa que somente o que está escrito deve ser levado em conta. Aquilo que não está dito não deve ser acrescentado. E o que está declarado deve ser levado a sério, e nenhum til pode ser retirado ou ignorado.
Quanto à ordenação ao ministério pastoral temos os seguintes princípios bem claramente estabelecidos:
1) Nada a respeito de ordenação de mulheres a Escritura se refere: nem em mandamento, nem em exemplo, nem em insinuação. (O fato de Raquel ter sido pastora deve ser entendido em seu sentido fatual: pastora do rebanho de ovelhas de seu pai. Não no sentido como se é utilizado no novo testamento, a saber, bispos estabelecidos na casa de Deus para pastorear o rebanho de Deus, com função de governo – At 20:28).
2) Os textos que, na Bíblia, se referem à ordenação ao ministério pastoral são específicos, declarando que os que são separados por Deus são necessariamente homens, visto terem por uma de suas características o ser MARIDO DE UMA SÓ MULHER (1Tm 3:2; Tt 1:6).
3) A função dos pastores em relação à igreja inclui o exercício de autoridade, da autoridade representativa de Deus sobre a Sua casa (1Tm 3:4 e 5). Quanto a esse aspecto peculiar do episcopado, ordena o apóstolo Paulo que a mulher não deve exercê-lo (1Tm 2:12-13), visto que, pelo princípio da criação, a mulher foi criada como auxiliadora do homem (Gn 2:18; 1Co 11:3), e, como tal, deve trazer véu sobre a cabeça como sinal de autoridade, isto é, sinal de que está debaixo de autoridade (1Co 11:10).
Isso, entretanto, não significa que as mulheres nada podem fazer na casa de Deus. O mesmo apóstolo nos ensina que a mulher tanto pode orar quanto profetizar, desde que o faça sob o véu. Não certamente sob um véu físico, de tecido, uma vez que o véu é um SINAL de autoridade, não possuindo valor em si mesmo, senão naquilo que ele representa (1Co 11:10). O orar e profetizar sob o véu significa que aquela que ora ou fala por Deus (prega) na assembléia o faz submetida à autoridade, de seu marido e/ou do presbitério da igreja. Também não se pode pensar que a mulher é, por esse motivo, inferior ao homem, uma vez que ambos são filhos do mesmo Pai, membros do mesmo corpo.
A questão não é de inferioridade ou superioridade, mas da economia de Deus que estabelece uns e outros – na sociedade, em casa, na igreja – conforme Sua vontade e propósito. O maio exemplo disso é o texto de 1 Coríntios 11, em que se afirma (no mesmo lugar em que se diz que o homem é o cabeça da mulher), que Deus (Pai) é o cabeça de Cristo (Filho). Ora, não se pode imaginar que o Filho seja inferior ao Pai no que diz respeito à essência, à substância divina, até porque há somente um Deus verdadeiro. Não há, como querem as testemunhas de Jeová, dois deuses: um poderoso e outro todo-poderoso. O único Deus é triuno. O que faz do Pai o cabeça de Cristo é tão somente o Seu propósito e economia, aquilo que se refere à Sua obra. Nada mais, além disso. Assim também é a mulher em relação ao marido e aos irmãos, na igreja. Deus, em Sua economia, designou as mulheres para, em sua missão de auxiliadora, representar a Igreja (Ef 5:22-24). Tal qual a igreja de Cristo, em plena obediência e submissão, em tempos de retidão, assim também as mulheres que andam segundo a vontade de Deus. Em tudo isso satanás é envergonhado e derrotado. Razão por que deve a mulher trazer véu sobre a cabeça: por causa dos anjos (1Co 11:10).

Muitos consideram isso algo de somenos importância. Outros consideram machista o apóstolo Paulo. Entretanto, esses e aqueles se esquecem de que nada podemos acrescentar nem retirar da revelação divina. A despeito das opiniões humanas – de que tal assunto é picuinha ou desnecessário –, devemos levar em conta que se trata da Palavra de Deus. Paulo, assim como todos os demais escritores do antigo e novo testamento, foi apenas instrumento de Deus, mediante o qual o Senhor Espírito soprou a Sua santa revelação, com o fim de que sejamos perfeitos e perfeitamente habilitados para toda boa obra (2Tm 3:16-17).

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Em pleno seculo XXI vemos muitas denominações Evangélicas com práticas judaizantes e estão promovendo grandes festas em nome de um "suposto" evangelho de Jesus cristo,mas que na prática é um grande equívoco e uma interpretação destorcida da verdade.

1. PRIMÍCIAS dizem respeito a uma das ofertas estabelecidas ao povo de Israel, que deveria ser oferecida a Deus, no Templo, na festa anual chamada pelo mesmo nome, PRIMÍCIAS – Ex 23:26 Cf. Lv 23:9-14.
NOTA: Todas as menções a primícias, depois dessa referência, são textos correlatos, que visam ao esclarecimento ou à complementação e extensão do seu significado, ou são meras exortações feitas ao povo para que cumprissem as determinações divinas.
2. Como tal, as primícias faziam parte do sistema levítico, segundo a aliança feita entre Yahveh e o Seu povo, Israel, no monte Sinai – Ex 19 – 24.
NOTA: Todos os mandamentos, e estatutos, e juízos, e leis do sistema levítico foram escritos no LIVRO DA LEI (Levítico), que é o livro da aliança, a qual o povo de Israel se propôs cumprir – Ex 24:7.
3. Assim sendo, pergunto: o que o novo testamento diz sobre o referido sistema e aliança mosaicos? A Bíblia responde-nos dizendo:
“Ora, visto que a lei tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano, perpetuamente, eles oferecem” – Hb 10:1.
“Portanto, por um lado, se revoga a anterior ordenança, por causa de sua fraqueza e inutilidade (pois a lei nunca aperfeiçoou coisa alguma), e, por outro, se introduz esperança superior, pela qual nos achegamos a Deus” – Hb 7:18-19.
4. Ora, vede. A Escritura ensina expressamente que o sistema levítico era tão somente SOMBRA dos bens que haveriam de vir. Isso significa que não tinha substância em si mesmo; antes apenas apontava para a realidade a se manifestar no tempo oportuno de reforma – Hb 9:10 Cp. Cl 2:16-17. Este foi o tempo em que Cristo veio (Hb 9:11). Com a Sua vinda, o primeiro sistema de sacrifícios foi removido para que outro, o perfeito sacrifício de Cristo, fosse estabelecido (Hb 10:9). E qual foi o motivo da substituição de um pelo outro? É que o primeiro nunca jamais aperfeiçoou coisa alguma, por causa de sua fraqueza e inutilidade, conforme referenciado acima.
5. UMA NOVA ALIANÇA FOI FEITA COM O HOMEM. Diante deste novo pacto, o anterior já não resplandece. A glória da primeira aliança, infinitamente menor que a da segunda, se apagou na cruz do Calvário, quando o Cristo de Deus bradou, dizendo: “Pai, está tudo consumado” (2Co 3:6-11). O sacerdócio araônico chegou ao fim, e um novo sacerdócio foi instaurado (Hb 7:11-19). Já não servimos a Deus segundo os modelos e padrões do antigo testamento, mas conforme o novo testamento, em que Cristo é o Sumo sacerdote, e nós, a igreja, somos um reino de sacerdotes (Rm 7:6; 1Pe 2:9 Cp. Ap 1:6).
6. Portanto, já não há mais ofertas de primícias a ser oferecidas, segundo a materialidade e fugacidade do antigo testamento. Temos sim, Cristo Jesus, nossa eterna oferta, que oferecemos a Deus. O Cristo ressuscitado é as PRIMÍCIAS, que oferecemos a Deus (1Co 15:20). Este é o verdadeiro significado da oferta veterotestamentária: a ressurreição de Jesus Cristo. Uma vez que as festas de Israel são sombra de uma realidade vindoura (Cl 2:16-17), hão de significar alguma coisa no plano superior das realidades divinas: a páscoa – a primeira festa – apontava para a morte de Cristo (Lv 23:4-8 Cp. 1Co 5:7). As primícias – a segunda festa – fala de Sua ressurreição (1Co 15:20). O pentecostes – a terceira festa – fala da ascensão, entronização e exaltação de Cristo, o qual derramou o Espírito Santo como prova de Sua entrada na glória eterna do Pai (At 2:33-36). Enfatiza-se que o derramamento do Espírito Santo aconteceu AO CUMPRIR-SE O DIA DE PENTECOSTES (At 2:1), episódio no qual o Senhor salvou, inicialmente, três mil almas. Assim sendo, continuando com a figura da colheita, se Cristo é as PRIMÍCIAS em Sua ressurreição, isto é, os primeiros frutos colhidos, as muitas almas colhidas para Deus em toda a era “pentencostal” são a colheita do restante da seara.
7. No novo testamento, ainda que haja líderes-pastores no meio da igreja, não são, como dizem, sacerdotes de Deus em detrimento do restante da igreja. Na casa de Deus TODOS OS SANTOS são sacerdotes do Altíssimo. Afinal, conforme referenciado acima, somos um reino de sacerdotes. Não há tribo predileta de levitas, que servem de mediadores entre Deus e o povo. Todos podem entrar na presença de Deus, com intrepidez e ousadia, tendo unicamente a Jesus como o nosso grande sumo sacerdote (Hb 10:19-22).
Esta é a verdade encontrada em toda a Escritura Sagrada, não em parte dela. É a somatória de todas as partes que declararão a verdade. Quando se isola textos, cada um diz o que bem quer a respeito de qualquer coisa. O próprio satanás utilizou-se de textos isolados e descontextualizados para tentar a Cristo. Mas Jesus o repreendeu com um TAMBÉM ESTÁ ESCRITO. Quando se utiliza, pois, de fragmentos da Palavra, isolando-os de seus contextos, tal palavra já não é de Deus, mas do diabo. Muitos, assim – se por ignorância, não sei –, têm afastado verdadeiros filhos de Deus da verdade e os induzido a um falso serviço e relacionamento com Deus, que não promove a edificação.
Bispo Alexandre


quarta-feira, 17 de junho de 2015

Temos participação na Salvação? ou ela é exclusiva de Deus?



COMENTÁRIO:
 "A salvação Eterna" pode citá-la como pérolas cristãs. Concordo com as colocações sobre a antropocentrismo, evidenciada no renascentismo da idade média e que perdura e se intensifica exponencialmente. 
É inquestionável sobre as citações dadas onde a salvação é por meio de Jesus através da sua graça e pela nossa fé. Mas, creio que devemos ponderar sobre a ação do próprio ser no processo. Se nos tornamos corpo de Jesus devemos agir como tal, caso contrário não estamos nele. Assim, parece lógico relacionar uma causa-efeito entre fé-ação-salvação intercambiáveis. 
Penso que a conduta é fundamental para a salvação diante o pressuposto. Acho que devemos a profundidade da passagem: Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Mateus 23:37
Aqui parece que Deus Pai e Deus Filho, mesmo tendo os judeus tendo a fé, não agiram com o coração, não foram retos aos olhos divinos e os negaram. 
EXPLICANDO:
Ponderando acerca de tuas considerações, pareceu-me melhor iniciar estas poucas linhas com uma advertência do apóstolo Paulo: “Estas coisas, irmãos, apliquei-as figuradamente a mim mesmo e Apolo, por vossa causa, para que por nosso exemplo APRENDAIS ISTO: não ultrapasseis o que está escrito [...]” – 1Co 4:6. Esse é um mandamento de Deus, que visa guardar-nos de nossas lógicas e achismos humanos. Isso digo porque por algumas vezes chegaste a conclusões, não a partir das Escrituras, mas de conjecturas, tais como: “creio que”, “parece lógico”, “penso que”. Em vez disso deveríamos falar: “assim diz o Senhor”, “está escrito”, “também está escrito”. Permita-me, pois, levantar algumas observações a respeito da salvação de Deus.
1.       Toda a Escritura, de Gênesis a Apocalipse, declara, alto e bom som, que a salvação de Deus não pode ser adquirida por obras humanas. Eis o que a esse respeito nos diz a Palavra de Deus. As vestes que o homem fez para si (símbolo de autojustificação), por ocasião de sua queda, foram rejeitadas por Deus; em contrapartida, diz a Escritura que “fez o Senhor vestes de peles para os cobrir” (Gn 3:7, 21). Estas duas vestes, a indústria do homem e a de Deus, tipificam dois tipos de justiças, conforme está escrito: “e ser achado nele, NÃO TENDO JUSTIÇA PRÓPRIA, QUE PROCEDE DE LEI, senão a que é mediante a fé em Cristo, A JUSTIÇA QUE PROCEDE DE DEUS, baseada na fé (Fp 3:9). A arca de Noé, por sua vez, outro tipo da salvação (Cf. 1Pe 3:21), demonstra que o homem nada podia fazer para se livrar do juízo, senão apropriar-se do único meio de salvação oferecido por Deus, a arca, a qual representa Jesus Cristo, em Sua morte e ressurreição. E é mister ressaltar que foi pela fé que o patriarca e sua família foram salvos, pela arca, através das águas (Hb 11:7). O mesmo aconteceu no deserto, com o povo de Israel. Ao serem picados por serpentes abrasadoras, nada podiam fazer para se livrarem da morte, exceto olharem para a serpente de bronze suspensa numa haste (Nm 21:9). Foi o próprio Senhor quem identificou tal episódio veterotestamentário com a queda do homem e com a salvação oferecida por Deus: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que TODO O QUE NELE CRÊ TENHA A VIDA ETERNA. Veja que, a despeito de quantas obras os filhos de Israel fizessem, nada poderia dar-lhes vida. Somente o olhar para a serpente de bronze dar-lhes-ia vida. Razão por que Jesus declarou, dizendo: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância” (Jo 10:10). Não é sem motivo que, em outro lugar, também diz: “...Porque, se fosse promulgada uma lei que pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei” (Gl 3:20). Eis, portanto, a razão porque “... o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gl 2:16). A vida eterna, portanto, é GRATUITA (Rm 6:23); é um dom de Deus (Ef 2:8); é pela fé, independentemente de obras da lei (Rm 3:28); é pela graça, sem as obras, do contrário a graça já não é graça (Rm 11:5-6); é eterna e não pode ser perdida (Jo 10:28), porque os dons e a vocação de Deus são irrevogáveis (Rm 11:29); é pela misericórdia divina (Rm 9:15), por causa do grande amor com que fomos amados por Deus (Ef 2:4); estávamos nós mortos quando d’Ele recebemos vida (Ef 2:5) – pela graça sois salvos. Esta graça salvífica significa literalmente de graça, sem nada nos cobrar, como está escrito: “Ora, ao que trabalha, o salário NÃO É CONSIDERADO COMO FAVOR, e sim COMO DÍVIDA. Mas, ao que NÃO TRABALHA, porém CRÊ naquele que JUSTIFICA O ÍMPIO, a sua FÉ lhe é atribuída como justiça” (Rm 4:4-5). Por isso a resposta de Paulo ao carcereiro, quando este lhe perguntou acerca do QUE FAZER PARA SER SALVO: “crê no Senhor Jesus, e serás salvo...” (At 16:31). Mas, para os que preferem pagar por si mesmos o preço que Jesus já pagou na cruz do Calvário, resta-lhes a morte eterna, pois o salário do pecado é a morte (Rm 6:23). Não qualquer outra coisa. Não se paga a dívida eterna com usos e costumes (moral), até porque estas coisas não resolvem o problema da natureza pecaminosa no homem (Cl 2:23); não se paga a dívida eterna do pecado com conduta, haja vista que a conduta requerida por Deus é FRUTO DO ESPÍRITO (Gl 5:22); são obras que DEUS PREPAROU DE ANTEMÃO, para que andássemos nelas (Ef 2:10); são obras feitas em Deus (Jo 3:21). Não são portanto humanas, nem têm no homem a sua origem. São divinas: ouro, prata e pedras preciosas (1Co 3:12). As obras humanas são um como trapos de imundícies (Is 64:6); são madeira, feno, palha (1Co 3:12); pois o que é nascido da carne é carne, mas o que é nascido do Espírito é espírito (Jo 3:6). Ufa... Ficaria aqui horas a fio citando todo o testemunho das Escrituras acerca da salvação, que pertence ao Senhor (Jn 2:9). Mas... avancemos.
2.       Quando tu disseste acerca da “ação no próprio ser NO PROCESSO” falaste uma verdade. Entretanto, não significa que tal participação garanta a salvação. A Escritura adverte aos crentes quanto ao desenvolvimento da salvação (Fp 2:12); a tomar posse da vida eterna (1Tm 6:12); a ser fiel até a morte (Ap 2:10); a negar a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir ao Senhor (Mt 16:24); todavia, todas essas responsabilidades, se cumpridas ou não, não podem dar ou tirar a salvação, uma vez que “quem crê em mim – disse Jesus – não entra em juízo, mas passou da morte para a vida” (Jo 5:24). Da morte viemos; na vida nos encontramos. Quais conseqüências então nos traz a diligência ou a negligência? Ora, basta lermos o que está escrito a esse respeito: “Se permanecer a obra de alguém que sobre o fundamento edificou, esse RECEBERÁ GALARDÃO; se a obra de alguém se queimar, SOFRERÁ ELE DANO; mas ESSE MESMO SERÁ SALVO, todavia, como que através do fogo” (1Co 3:14-15). Veja: se aprovadas suas obras, galardão; se reprovadas, dano. Esse mesmo, porém, será salvo. Ou seja, ambos são salvos, não por fazerem boas obras, porque, para o que as fez, não diz que será salvo por isso, mas, que receberá galardão, recompensa, prêmio; e àquele, de cuja obra foi reprovada, não se diz que será condenado por isso, mas que, sendo salvo, receberá dano, como conseqüência de sua reprovação. Ambos são salvos porque estavam no fundamento (1Co 3:11). Para o que procedeu com obras aceitas por Deus, além de salvo, galardão; para o que não procedeu corretamente, embora salvo, sofrerá a disciplina do Eterno. E isso é para que não seja ele condenado com o mundo (1Co 11:32); será disciplinado para aproveitamento, a fim de se tornar, enfim, participante da santidade do Senhor (Hb 12:10); receberá poucos ou muitos açoites, tudo vai depender do quanto ele recebeu de Deus (Lc 12:47-48); será trancado na prisão, e só sairá de lá depois que “pagar o último centavo” (Mt 5:26). Uma coisa é certa: “aquele que começou boa obra em vós, há de completá-la até ao dia de Cristo Jesus (Fp 1:6). Ele começou; Ele terminará. Ainda que tenha que disciplinar os seus filhos, como diz a Escritura: “se violarem os meus preceitos e não guardarem os meus mandamentos, então, punirei com vara as suas transgressões e com açoites a sua iniqüidade. Mas jamais retirarei dele a minha bondade, nem desmentirei a minha fidelidade. Não violarei a minha aliança, nem modificarei o que os meus lábios proferiram” (Sl 89:31-34). Tais palavras, ainda que se referindo imediatamente a Davi, trazem os princípios da fidelidade de Deus quando pactua com o seu povo: 1) não retira a Sua bondade; 2) não desmente a Sua fidelidade; 3) não viola a Sua aliança; 4) não modifica o que Seus lábios proferem. “Eu o Senhor não mudo” (Ml 3:6). “Quando Deus fez a promessa a Abraão, visto que não tinha ninguém superior por quem jurar, jurou por si mesmo, dizendo: Certamente, te abençoarei E te multiplicarei [...]. Por isso, Deus, quando quis mostrar mais firmemente aos herdeiros da promessa a imutabilidade de seu propósito, se interpôs com juramento, para que, mediante duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, FORTE ALENTO TENHAMOS NÓS que já corremos para o refúgio, a fim de lançar mão da esperança proposta; a qual temos por âncora da alma, segura e firme e que penetra além do véu, onde Jesus, como precursor, ENTROU POR NÓS, tendo-se tornado sumo sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 6:13-20).
3.       O fato de estarmos em Cristo, como também disseste, não implica que não podemos pecar. Nem tampouco se pode afirmar que, se pecarmos, não estamos n’Ele. Desde que recebemos o Espírito de filiação, a carne passou a militar contra o Espírito, e o Espírito contra a carne (Gl 5:17). Se andarmos no Espírito, o fruto será amor, paz, alegria, longanimidade etc (Gl 5:22-23). Se, entretanto, andarmos segundo a carne, o resultado será aquele que se encontra em Gl 5:19-20, as obras da carne. O fato de estarmos em Cristo significa simplesmente que nascemos de Deus, como está escrito: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito, SE, DE FATO, O ESPÍRITO DE DEUS HABITA EM VÓS. E, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele” (Rm 8:9). Esses, entretanto, que têm o Espírito de Cristo, e, conseqüentemente, estão n’Ele, podem ainda pecar, andar na carne, cometendo as obras da carne (prostituição, lascívia, glutonaria, bebedice, inveja etc.), sabendo, contudo, que compareceremos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem o mal que tiver feito por meio do corpo (2Co 5:10). Esse bem e mal aqui referidos certamente não se referem a vida ou morte eternas; senão ao galardão ou disciplina conforme acima explicado.
4.       De todo modo, temos a certeza de que, nós os que cremos, estaremos plenamente salvos quando entrarmos na eternidade. Tal segurança apoia-se nas palavras de Deus: “Fiel é o que vos chama, o qual também o fará” (1Ts 5:24). Afinal, o mesmo Deus que nos reconciliou consigo mesmo, o Deus da paz, há de nos santificar completamente, espírito, alma e corpo (1Ts 5:23). Se Deus não poupou o Seu próprio Filho, antes por nós O entregou, quando ainda éramos pecadores (Rm 5:8), porventura não nos dará graciosamente todas as coisas? (Rm 8:32). Certamente. Não porém sem nos salvar completamente. Pois, se quando éramos pecadores o Senhor nos justificou com o Seu sangue, muito mais agora, estando já reconciliados com Ele, seremos salvos pela Sua vida (Rm 5:10). A vida de Deus nos Seus filhos há de salvá-los completamente do pecado. Ele começou... Ele terminará. Para isso Ele nos concedeu o penhor do Espírito, a garantia de que em breve seremos resgatados, finalmente, como Sua propriedade, para o louvor da Sua glória (Ef 1:14).
autor: Bispo Alexandre Rodrigues


terça-feira, 9 de junho de 2015

ESTUDO HERMENÉUTICO DE HEBREUS 6:4,6

Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se fizeram participantes do Espírito Santo,
E provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro,
E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério.Hebreus 6:4-6

Portanto, para a plena compreensão do texto, é preciso saber primeiramente a quem o pronome “AQUELES” se refere. Conforme o texto, “AQUELES” são os que tiveram cinco experiências descritas nos versículos 4 e 5, a saber: foram iluminados, provaram o dom celestial, participaram do Espírito Santo, provaram a boa palavra de Deus e os poderes do mundo vindouro. Diante disso, logo alguém dirá: esses são pessoas que apostataram da fé cristã. Inclusive, muitos baseados neste texto, acreditam ser possível que alguém que verdadeiramente crê no evangelho perca a salvação. Entretanto, nem mesmo os arminianos podem crer dessa forma, uma vez que se assim fosse, estaria o texto a afirmar que uma vez caído, seria IMPOSSÍVEL renovar o pecador ao arrependimento. Ou seja, crer dessa maneira seria pregar a fatalidade, afirmando ser impossível o arrependimento depois da queda. Se assim fosse, por que Jesus convida a Sua igreja ao arrependimento, exortando-a: “lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras”? (Ap 2:5). Ora, “AQUELES” a quem se refere o apóstolo, são certamente uma classe de pessoas que cometeram o pecado imperdoável, isto é, o pecado contra o Espírito Santo (Mt 12:32). Para este pecado NÃO HÁ PERDÃO. Daí a impossibilidade de serem conduzidos ao arrependimento.
Mas por que então a afirmação de que eles provaram e participaram do Espírito Santo, da palavra, do dom celestial e dos poderes do mundo vindouro? Bem, exatamente aqui encontramos a chave que nos abre o texto.
Os “AQUELES” referidos no texto são os que estiveram sob uma chuva de graça nos tempos da encarnação e peregrinação do Filho de Deus. São todos aqueles que viveram nos tempos de Cristo e que, mesmo diante de tudo o que viram, ouviram e experimentaram, ainda assim negaram o santo de Deus. Como diz em outro lugar: “De quanto mais severo juízo julgais vós será considerado AQUELE que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual foi santificado, e ultrajou o ESPÍRITO DA GRAÇA” (Hb 10:29).
Quando o Verbo entrou no mundo, manifestou-Se como Luz, que, vinda ao mundo, ILUMINA TODO HOMEM (Jo 1:9). Por isso, foram eles iluminados. “O povo que jazia em trevas VIU GRANDE LUZ, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz” (Mt 4:16). Apesar disso, o mundo não o conheceu (Jo 1:10). E não somente isso, mas também provaram (testaram o sabor – lit.) o dom celestial e participaram (tiveram a dignidade – lit.) do Espírito Santo, na medida em que experimentaram as bênçãos da presença de Cristo no meio deles. Certa ocasião, depois de ter expulsado o demônio de um homem, disse Jesus: “Se eu expulso demônios pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus SOBRE VÓS (Mt 12:28). E, apesar disso, não creram n’Ele. Além disso, provaram (testaram o sabor – lit.) a boa palavra de Deus, ao receberem a palavra do reino (Mt 13:19), mas em três terços dos corações, a semente não produziu fruto. E o que dizer do fato de terem eles provado os poderes do mundo vindouro? Ora, esses poderes são o poder de restauração do reino milenar. Naquele tempo, “se abrirão os olhos dos cegos, e se desimpedirão os ouvidos dos surdos; os coxos saltarão como cervos, e a língua dos mudos cantará...” (Is 35:5-6). Os judeus do tempo de Cristo provaram antecipadamente esses poderes, quando Jesus, no meio deles, realizou todos esses milagres e prodígios de restauração. “E, embora tivesse feito tantos sinais na sua presença, não creram nele” (Jo 12:37).
Sim, tendo “AQUELES” estado debaixo de uma chuva de graça, ainda assim produziram espinhos e abrolhos (Hb 6:8). Produziram em seus corações maldição (Gn 3:17-18), quando fizeram maldito (Gl 3:10) o Deus bendito (Rm 9:5), crucificando-O entre dois malfeitores. E, depois de terem-no matado, voltaram ao templo com o fim de continuarem seus sacrifícios pelos pecados. O que não sabiam, no entanto, é que tendo Jesus realizado, pelo Seu sangue, a remissão de pecados, “já não resta oferta pelo pecado” (Hb 10:18). Os sacrifícios oferecidos a Deus de acordo com a economia veterotestamentária, agora já não mais possuía nenhum valor ou eficácia. De modo que, ao continuar a oferecê-los, depois do sacrifício perfeito de Cristo, eles estão “de novo, crucificando para si mesmos o Filho de Deus e expondo-o à ignomínia” (Hb 6:6). A cada sacrifício realizado no templo, reafirmava-se a rejeição ao verdadeiro sacrifício. Cada vez que um judeu sacrificava no altar de holocausto, crucificava para si mesmo, outra vez, o Filho de Deus. Por suas próprias atitudes, demonstravam que haviam pecado contra o Espírito Santo, cuja obra consiste em conduzir o pecador à fé no Cristo de Deus. Ao negar o Filho, atraem para si a maldição (Gl 3:7-14).
A terra (coração), porém, que absorveu a chuva da graça de Deus, produzindo fruto de arrependimento, essa recebeu a bênção de Deus (Hb 6:7). Estes são os “vós outros”, acerca de quem afirmou o apóstolo: “quanto a vós outros, todavia, ó amados, estamos persuadidos das coisas que são melhores e pertencentes à salvação...” (Hb 6:9). “Aqueles”, porém, são impossíveis de serem conduzidos ao arrependimento (Hb 6:4).

Em contrapartida, os cristão-judeus não deveriam nutrir pelo judaísmo nenhuma admiração. Ao olharem para o templo com todas as suas festas e cultos, assim como para os seus sacrifícios e ofertas, precisavam vê-los como coisas envelhecidas e obsoletas, como verdadeiros rudimentos (Hb 8:13). Deveriam olhar para o Crucificado e concebê-lo como a perfeição e plenitude da verdade revelada. Era necessário que chegassem ao ponto de total desprezo àquilo que já não mais significava no plano de Deus. Como disse o apóstolo Paulo, em outro lugar: “Mas o que, para mim, era lucro...” – ou seja, a circuncisão, a linhagem israelita, a pureza de “raça”, o farisaísmo (enquanto seita mais severa do judaísmo), o zelo e a justiça da lei –, “... isto considerei perda... e o considero como refugo (excremento de animais), para ganhar a Cristo” (Fp 3:5-8). Essa mesma exortação continua a ecoar nos dias de hoje e a exortar os verdadeiros filhos de Deus a abandonarem o antigo testamento enquanto norma de doutrina e prática, e a avançarem para a perfeição e plenitude de Cristo, no novo testamento.